O mundo do varejo está em constante evolução graças às mudanças em tudo que se diz respeito à demografia, tecnologia, desejos e expectativas. Acontecimentos recentes levaram a um cenário inédito, com desafios na cadeia de suprimentos, inflação elevada, margens mais estreitas e a necessidade urgente de adaptação às novas demandas e expectativas dos consumidores. A questão é: como os varejistas podem permanecer relevantes nesse cenário inconstante e fornecer aos clientes exatamente o que eles procuram? Vamos explorar alguns dos desafios mais urgentes e como superá-los.
Embora a categoria de produtos estáveis tenha tido inovações significativas, ela ainda é considerada com frequência uma parte menos interessante da experiência de compras.
“Há quinze ou vinte anos, os produtos não perecíveis eram simples, assim como sua comunicação”, explica Antonella Maccarone, líder de informações de negócios da Tetra Pak. "Os produtos eram mais comumente os essenciais, então a comunicação nesse sentido estava mais focada na necessidade do produto na vida dos consumidores. Hoje, há uma grande variedade de produtos voltados a necessidades específicas — desde leite da lua para uma boa noite de sono, até bebidas vegetais para manter a forma e sucos para coquetéis e mocktails.
O desafio aqui não está relacionado com o que está disponível, visto que há uma variedade de produtos interessantes nas prateleiras. Em vez disso, os varejistas precisam pensar em como impulsionar o tráfego nesses corredores e como mostrar melhor os produtos disponíveis. A escolha dos produtos também é essencial. Muitas marcas vêm inovando não só nas fórmulas, mas também nas embalagens.
Com uma crescente variedade de embalagens, marcas e produtores podem ser mais ousados em seus designs. Esses produtos se destacam ao lado de itens mais tradicionais, atraindo consumidores para um setor renovado e dinâmico de produtos não perecíveis.
"Os consumidores estão prestando atenção ao que está escrito na embalagem", adiciona Antonella, "e são atraídos por frases e designs ousados. Escolher a opção de embalagem certa facilita alcançar isso. Os consumidores também buscam experiências conectadas, imersivas e personalizadas — algo essencial para os varejistas que desejam continuar relevantes. As pessoas esperam agora um ecossistema de Omnichannel impecável."
Desde a popularização dos smartphones, as compras digitais se tornaram parte essencial do cotidiano, exigindo adaptação dos varejistas. As lojas físicas seguem relevantes, e os consumidores estão cada vez mais integrando os mundos físico e digital. Então, como os varejistas podem oferecer uma experiência de omnicanal ideal?
"As marcas agora têm a oportunidade de se conectar com os consumidores e oferecer comunicação e publicidade personalizadas, com mais pontos de contato ao longo de toda a jornada de compras", diz Antonella. “Marcas e varejistas podem usar esses pontos de contato para oferecer experiências personalizadas, desde narrativas adaptadas até ofertas baseadas em compras anteriores.”
Isso pode começar com o ude de QR codes, mas com o avanço tecnológico, novas experiências estão se tornando possíveis. Embora tecnologias emergentes como o metaverso tenham valor limitado para varejistas no momento, os públicos são consideráveis, desse modo, isso possui um grande potencial como ferramenta promocional. Nós vemos mais pessoas buscando conexões on-line, especialmente como resultado da pandemia, então, os varejistas também precisam investigar as oportunidades aqui. Um exemplo é o comércio social, que é onde as redes sociais se tornam um canal adicional de vendas e comunicação."
Alguns varejistas já exploram realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) para apresentar produtos ou até lojas completas sob novas perspectivas. Outros usam telas com recursos interativos na loja para direcionar o tráfego e chamar a atenção de determinadas seções, aproveitando o potencial digital no espaço físico. Também há carrinhos de compras integrados a celulares e sistemas de navegação na loja com base em geolocalização. As oportunidades são quase infinitas.
"Como um varejista, a coisa mais importante para pensar é sobre o seu objetivo", explica Antonella, "e como você pode alcançá-lo sem dificuldades para os seus consumidores. Uma experiência personalizada, fluida e sem atritos é essencial para o sucesso no omnicanal.
Por outro lado, pode ser difícil para os produtos se destacarem em plataformas digitais. As pesquisas mostram que pessoas que compram somente on-line são mais rápidas e compram apenas o que está na lista. Isso mostra que supermercados online podem aprender com lojas físicas sobre como proporcionar uma experiência de descoberta, e não apenas uma transação.
A crise do custo de vida tem tornado os consumidores mais sensíveis aos preços. Ao mesmo tempo, varejistas e produtores estão enfrentando aumento de custos e precisam se adaptar a fatores externos que estão impulsionando esses desafios.
"O aumento da incerteza, a pressão nas rendas e um crescente ritmo de mudança significam que varejistas e produtores precisam continuar ágeis. “Isso inclui lidar com estoques reduzidos, aumento de preços, expansão de marcas próprias e comunicação eficaz de valor”, afirma Antonella. "Isso também significa que deve haver um foco maior nas categorias essenciais, visto que a incerteza econômica faz com que consumidores reduzam gastos supérfluos. Os varejistas podem também adiar investimentos em pesquisas a longo prazo e projetos de inovação, e focar em investimentos a curto prazo, como os relacionados a preços.
Estratégias eficazes baseiam-se muitas vezes na honestidade, abordando diretamente os problemas dos consumidores. A inflação é um problema tanto para o consumidor como para o varejista. Assim, o varejista Carrefour na França implementou um botão on-line "anti-inflação", que mostra as alternativas mais baratas de produtos para experimentar e economizar o dinheiro do usuário.
Já o Walmart comunica a manutenção dos preços de certos produtos por tempo prolongado, oferecendo previsibilidade ao consumidor. Varejistas como Coop (Dinamarca) e Lidl (Suíça) lançaram campanhas como “apagar as luzes”, reduzindo o uso de eletricidade como gesto de solidariedade. Isso ajudou a criar um senso de solidariedade com os consumidores.
Em termos de preços, porém, é difícil oferecer grandes economias quando os custos sobem para todos. No entanto, existem outras oportunidades.
“Embora os preços não mudem muito, alguns consumidores optam por comprar em grandes volumes para reduzir o custo por unidade”, explica Antonella. Marcas estão também oferecendo menores tamanhos de embalagem que incentivam negócios com os consumidores que buscam gastar menos", explica Antonella. "Há uma polarização clara entre produtos com preços muito baixos e os de alto valor. Marcas premium precisam justificar seus preços mostrando o valor agregado, o que ressalta a diferenciação em relação às marcas próprias mais acessíveis."
Apesar dos desafios, com a estratégia certa, os varejistas podem se destacar e oferecer experiências relevantes e memoráveis aos consumidores.