13-12-2018
Não faz muito tempo, a sustentabilidade passou a ser discutida a partir de uma perspectiva ampliada, abrangendo a responsabilidade de indivíduos e empresas em questões sociais, ambientais e econômicas. Junto às mudanças conceituais, consumidores também se engajaram com o tema e passaram a cobrar das marcas posicionamento e atitudes alinhadas ao novo momento, colocando em pauta a discussão: quais são os custos e riscos para as empresas que não se adaptarem à nova forma de pensar e trabalhar a sustentabilidade?
Estudo recente conduzido pela consultoria de negócios Management & Excellence apontou que empresas com modelos sustentáveis de produção e de atuação na sociedade podem registrar aumento de até 4% em seu valor de mercado, o que na prática representa uma valorização que varia entre milhões e bilhões de dólares, dependendo do tamanho da empresa. Em pesquisa similar, a Nielsen Holdings verificou que 66% dos consumidores preferem comprar produtos ou contratar serviços de empresas que tenham programas de sustentabilidade associados à sua estratégia de negócio.
“Nos últimos anos, partimos para uma perspectiva na qual deixamos de analisar a indústria somente pela sua capacidade de fabricar produtos recicláveis e de acessar matérias-primas renováveis, mas que também passa pela aplicação de modelos de produção mais eficientes e que, por consequência, reduzam impactos ambientais ou às comunidades do entorno. Naturalmente, esforços nesse sentido também precisam fazer sentido sob a ótica financeira”, diz Valeria Michel, diretora de Economia Circular da Tetra Pak.
Ou seja, por diferentes perspectivas o conceito de sustentabilidade demonstra ser um pilar cada vez mais estratégico para as empresas, sobretudo por influenciar a percepção de consumidores e stakeholders externos. Mas um passo além, então como ele pode ser ampliado para outros níveis organizacionais que influenciam a saúde financeira do negócio e geram reconhecimento de marca?
Fábricas inteligentes e sustentáveis
Companhias de diferentes portes e segmentos têm se debruçado sobre o conceito de digitalização e nas possibilidades abertas pela introdução das novas tecnologias. Até agora, muito tem sido debatido sobre o potencial delas para eliminar ou mitigar erros e elevar o nível de produtividade e confiabilidade da operação de diferentes indústrias. Contudo, o aspecto sustentável das novas soluções não tem o mesmo peso.
“Quando falamos em fábricas inteligentes, indiretamente falamos sobre sustentabilidade. A inteligência operacional, neste ponto, não se restringe aos limites físicos da indústria, mas a todo o desenvolvimento tecnológico que implica em menor consumo de matérias-primas, menor gasto energético, menor consumo de água e em tantas outras variáveis relacionadas à gestão de recursos naturais. A gestão correta de todo esse ecossistema impacta tanto na operação da indústria como no equilíbrio ambiental e das comunidades locais”, explica Valeria.
Diante disso, nota-se não somente a ampliação da percepção de sustentabilidade em suas três esferas, mas também como ela está diretamente relacionada ao formato de operação e gestão de recursos de uma organização - sendo, portanto, um pilar estratégico para o desenvolvimento de negócios de longo prazo. Quanto mais comprometida e alinhada com práticas sustentáveis for uma organização, melhores serão os seus resultados junto aos seus diferentes públicos de interesse, sendo um deles a própria companhia.