*Por Fernando Caprioli
O processo de limpeza industrial - clean in place, ou CIP - é uma etapa importante e necessária no setup da operação fabril do setor de alimentos e bebidas para garantia da qualidade, sendo bastante conhecida pelos profissionais que trabalham mais próximos ao dia a dia das fábricas. Trata-se de um processo que deve ser planejado de modo a interferir o mínimo possível no tempo de produção.
Em resumo, trata-se de um sistema fechado que trabalha circulando e re-circulando automaticamente soluções de enxágue e agentes químicos em determinadas concentrações, temperaturas e vazão por um tempo definido, com objetivo de limpar máquinas e tubulações na própria instalação da fábrica, sem desmontar ou deslocar equipamentos, removendo resíduos para minimizar riscos à produção.
Há mais que um tipo de CIP. A depender do tipo de máquina, dos produtos utilizados e da fase da produção, podemos destacar os 2 mais aplicados: o CIP final para limpar a linha completa ao final do ciclo produtivo e o CIP intermediário, aplicado durante a produção, que tende a ser mais curto, aplicado em parte da linha produtiva e entre a produção de um produto e outro por exemplo.
De modo geral, os processos CIP são totalmente automatizados – mas nem por isso são otimizados, pois é comum que o tempo médio para a realização de suas várias etapas seja alto e acabe influenciando a produção e onerando os custos da planta, que também tem gastos significativos com os produtos químicos utilizados, sem contar o impacto de todos os descartes gerados por esta operação. E é aqui que entra a contribuição da digitalização.
Em busca de sofisticar este processo, muitos fabricantes da indústria de alimentos e bebidas têm recorrido a ferramentas digitais, como dashboards (relatórios online) que monitoram o volume de químicos e água utilizados, o tempo investido em cada etapa do processo e outras métricas, sempre comparando ao que era esperado para cada ciclo.
Esses dashboards, que eventualmente ficam conhecidos como “dashboards de limpeza”, permitem que se visualize o processo de forma simples, a qualquer hora e de qualquer lugar e que se gere relatórios online facilitem a tomada de decisão. Contribuem para otimizar o tempo de CIP, aumentando consequentemente o tempo disponível para a produção, e aprimorar a gestão dos químicos (como ácido e soda) e da água, contribuindo de modo geral tanto com a redução do custo de produção do fabricante, promovendo uma economia geral na operação da planta, como com o meio-ambiente, já que levam a uma diminuição significativa no volume de produtos utilizados nas limpezas, sem prejudicar sua qualidade.
A limpeza CIP é apenas um dos vários processos da indústria de alimentos e bebidas que vem se beneficiando da digitalização. Trata-se de um movimento irreversível, que tem trazido cada vez mais eficiência, qualidade e sustentabilidade para a performance dos negócios, e que requer uma colaboração de fornecedores e fabricantes para ser implementado da melhor forma.
*Fernando Caprioli é Diretor de Serviços da Tetra Pak Brasil. O executivo acumula mais de 20 anos de experiência no setor de alimentos e bebidas, sempre trabalhando com tecnologias que melhorem a eficiência de fabricantes. Caprioli é formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, com MBA em General Management pelo Ibmec-SP.