2019-09-23
GLOBAL

A ascensão contínua das bebidas lácteas fermentadas para consumo em temperatura ambiente

Tradicionalmente, o iogurte é um lanche gelado, geralmente consumido na mesa do café da manhã. Mas o surgimento dos produtos em temperatura ambiente transformou verdades consolidadas. Para milhões de chineses, o iogurte é agora uma bebida consumida em embalagens permitem o transporte sem refrigeração, uma tendência que agora vem se espalhando pela Ásia, na África e na América Latina.

Menina com bigode de leite

A crescente popularidade das bebidas lácteas fermentadas para consumo em temperatura ambiente na China (e além) vem aumentando a demanda do consumidor por conveniência, aliada ao valor nutricional e ao sabor.

As pessoas procuram cada vez mais por lanches e guloseimas que se adaptem ao seu estilo de vida atribulado. Os produtos à base de iogurte para consumo em temperatura ambiente oferecem benefícios nutricionais semelhantes ao tradicional iogurte refrigerado fermentado (exceto as bactérias probióticas), mas podem ser consumidos na rua, pois não precisam de refrigeração. Seu sabor é comparável à variedade refrigerada.

Na China, as bebidas lácteas em temperatura ambiente são uma notável história de sucesso. Esse mercado, de rápido crescimento, chega a quase 2,5 bilhões de litros e agora representa quase 50% das vendas totais de iogurte.

Tudo isso foi conquistado desde 2010, quando uma grande empresa de laticínios chinesa lançou um produto à base de iogurte para beber em temperatura ambiente em colaboração com a Tetra Pak. Desde então, 13 produtores de lácteos entraram nesse mercado com as linhas de processamento da Tetra Pak.

As bebidas lácteas fermentadas em temperatura ambiente chegam a novos consumidores

Lin Lin, líder da categoria de laticínios da Tetra Pak na China, diz que o segredo do sucesso do produto é o seu formato nas prateleiras, o que permite obter uma distribuição a nível nacional.

"Na China, a cadeia de distribuição a frio não está bem desenvolvida, portanto, o iogurte resfriado tradicional não consegue chegar a alguns consumidores. Mas os produtos em temperatura ambiente conseguiram chegar a consumidores em todo o país, mesmo em pequenas cidades. O produto chega a lugares mais remotos", diz ele.

Ao contrário do iogurte fermentado tradicional, as bebidas lácteas para consumo em temperatura ambiente carecem de uma cultura de bactérias vivas, pois deve ser esterilizado para permanecer estável nas prateleiras. No entanto, isso não foi um obstáculo para o sucesso no mercado chinês.

"Os consumidores chineses têm a mente aberta e estão dispostos a aceitar novos produtos, portanto, estabelecer o conceito de temperatura ambiente não foi um grande passo para eles. O que importa, para o consumidor, é o conhecimento de que os produtos para consumo em temperatura ambiente são alimentos saudáveis e ricos em proteínas (e os laticínios chineses o promoveram nessas linhas)", explica ele.

As bebidas lácteas em temperatura ambiente agradam a consumidores de todas as idades, acrescenta. "Muitas crianças em idade escolar consomem e funcionários de escritórios também. As pessoas o consomem como uma refeição no café da manhã e também como um lanche fora de casa, em qualquer lugar."

Novos sabores e misturas vêm surgindo à medida que o mercado se desenvolve, e os laticínios buscam se diferenciar da concorrência. Os sabores de mirtilo, baunilha e até queijo tornaram-se populares e, em 2017, houve o lançamento da mais recente inovação: produtos à base de iogurte para consumo em temperatura ambiente com partículas de frutas e cereais.

Os novos mercados acompanham o sucesso da China

O mercado tornou-se tão dinâmico, que alguns produtores de lácteos de fora da Ásia começaram a produzir bebidas lácteas tratadas termicamente após fermentação especificamente para fins de exportação para a China. Enquanto isso, produtores de outras partes da Ásia e de outros continentes estão mudando, a fim de replicar o sucesso chinês em casa.

Na África e no Grande Oriente Médio, as bebidas lácteas para consumo em temperatura ambiente vêm crescendo rapidamente. Na Nigéria, por exemplo, uma nova linha de produtos à base de iogurte para consumo em temperatura ambiente estava em processo de criação no momento em que este artigo estava em fase de produção. Enquanto isso, em 2019, vemos o produto chegar na América do Sul, quando ocorreu o lançamento no Brasil.

Richard Brockhof, líder da categoria de processamento de laticínios da Tetra Pak no Brasil, está intimamente envolvido neste último projeto.

"Vimos a imensa popularidade dos produtos em temperatura ambiente na China e decidimos que havia potencial para levar isso adiante no Brasil", explica ele. "O ponto essencial é que o produto tenha os aspectos nutricionais, as proteínas e os minerais obtidos com o iogurte, mas também a vantagem da distribuição em temperatura ambiente. É um produto saudável que você pode levar para qualquer lugar."

A distribuição refrigerada é muito cara em um país tropical como o Brasil e pode representar até 30% do custo de um produto. Por razões óbvias, os produtos refrigerados tendem a ser consumidos em casa. Opções em temperatura ambiente abrem caminho para os consumidores também desfrutarem de produtos à base de iogurte fora de casa.

Cresce o consumo do produto nas ruas

O desejo de conveniência e portabilidade é um forte impulsionador do mercado. Brockhof observa que o consumo de leite resfriado vem caindo em alguns países em desenvolvimento, porque os consumidores tomam cada vez mais o café da manhã fora de casa. O surgimento de bebidas lácteas fermentadas em temperatura ambiente é uma resposta a essa mudança de hábitos.

Em muitas famílias, diz Brockhof, o café da manhã se tornou algo que você leva para qualquer lugar. "Você pode levar embalagens de porções em temperatura ambiente para a escola, para o escritório - você pode levá-los para qualquer lugar graças, aos seus atributos práticos", diz ele.

No Brasil, as bebidas lácteas tratadas termicamente após fermentação, nas quais a Tetra Pak e seu parceiro de laticínios estão trabalhando, inicialmente terão como público-alvo os consumidores de 12 a 25 anos, que vêm liderando a mudança de hábitos.

"Uma das lições que vimos da China é que é importante que os produtores estejam interligados às necessidades dos consumidores. Se eles entenderem que o iogurte com mais proteínas e diferentes tipos de características pode conectá-los aos jovens, isso poderia ajudar a aumentar a penetração no mercado."

No Brasil, o produto é classificado como "bebida láctea fermentada em temperatura ambiente", porque a legislação nacional reserva o termo iogurte para leite com uma cultura viva, que passa por um determinado processo.

Bebida de iogurte em garrafas cartonadas Tetra Top

Um produto inovador cria novas oportunidades para os produtores

No entanto, Brockhof não vê isso como um obstáculo. "As bebidas lácteas em temperatura ambiente não estarão competindo com os produtos existentes, mas trarão algo novo ao mercado e proporcionarão uma boa oportunidade para os produtores mudarem para produtos de valor agregado. Nos últimos anos, os consumidores brasileiros têm procurado novos produtos e inovações que se adaptem melhor ao seu estilo de vida, e as bebidas lácteas para consumo em temperatura ambiente podem desempenhar esse papel."

Ele considera duas categorias de clientes em que o potencial para começar a produzir bebidas lácteas em temperatura ambiente será especialmente alto. Produtores de iogurte refrigerados existentes e também processadores que não fabricam iogurte atualmente.

"No caso dos clientes que já produzem iogurte resfriado padrão, o caminho para o asséptico é mais curto, pois eles já dispõem de alguns equipamentos para processamento", diz ele. "Existem clientes que não têm refrigeração e podem entrar diretamente no mercado de produtos à base de iogurte para temperatura ambiente. Alguns deles podem até usar isso como meio de ingressar na distribuição refrigerada."

A projeção inicial para o Brasil é a produção total de 3 milhões de litros de bebidas lácteas para consumo em temperatura ambiente em 2019, passando para 10 milhões de litros em 2020.

Uma coisa é certa: se o produto conquistar o imaginário dos consumidores no Brasil como fez na China, é provável que a ascensão das bebidas lácteas fermentadas para consumo em temperatura ambiente continue.

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